Pensamento Clínico I:
O Pensamento Clínico de André Green

Neste módulo anual, teremos a oportunidade de nos aprofundar na obra O pensamento clínico, de André Green (2002). Nos artigos escolhidos para compor esse livro, Green faz um retorno às três grandes estruturas neuróticas, mostrando as relações que tem com os casos-limite em uma aproximação clínica original e instigante. As comparações que ele traz nos localizam no cruzamento do funcionamento neurótico com os estados-limite. A associatividade é colocada no centro das atenções de Green como modo de articular o pensamento clínico com a escuta do analista durante um processo, ou mesmo durante uma única sessão de análise.
Ao apontar na direção de um retorno a Freud, Green, na verdade, nos lança no debate da articulação entre o intrapsíquico e o intersubjetivo composta pelo indissociável par pulsão-objeto. Esse díptico é posto no centro do que deveria ser o enfoque dos analistas na clínica psicanalítica contemporânea. A linha de pesquisa inaugurada por Green em 1974, sobre o enquadre no relatório de Londres, continua firme e forte, e nos brinda com metáforas de utilidade clínica imprescindíveis, além de soluções esclarecedoras, como as do estojo e a matriz ativa, para descrever as possibilidades de variação do enquadre. Retomam-se o conceito do objeto revelador da pulsão e os processos de transferência sobre a palavra e sobre o objeto, e amplia-se o conceito de terceiridade, abrindo-se possibilidades de interlocução com outros psicanalistas contemporâneos. Além disso, Green dá seguimento à questão do afeto e defende a heterogeneidade do significante em um aparelho psíquico hiper complexo, defendendo que a divisão afeto-representação teria produzido uma ruptura com a teoria clássica.
O pensamento clínico, aqui, adquire estatuto de conceito. Leva-nos a uma atitude singular frente à clínica psicanalítica, integrando duas palavras aparentemente não associadas: pensamento e clínica. Nesse ponto, a metapsicologia de Green mostra sua força. A teoria psicanalítica como elaboração que desperta e sustenta associações, em referência direta ao encontro e à experiência psicanalítica. Como complemento à “leitura flutuante” dos textos, planeja-se, neste módulo, incluir exercícios clínicos para que haja um terceiro a escutar o par analítico. Segundo Green (2002), “em psicanálise existe não somente uma teoria da clínica, mas também um pensamento clínico, quer dizer, um modo original e específico de racionalidade surgido da experiência prática”.

Horário: 10 encontros com duração de 2 horas.
Investimento: R$215,00 – mensal.
Número de participantes: mínimo 05 e máximo 15.

Bibliografia

GREEN, ANDRÉ; Introducción al pensamiento clínico em El pensamiento clínico (2002); Amorrortu e ditores S.A., Buenos Aires, 2014 

GREEN, ANDRÉ; Lo intrapsiquico y lo intersubjetivo. Pulsiones y/o relaciones de objeto. em El pensamiento clínico (2002); Amorrortu editores S.A., Buenos Aires, 2014 

GREEN, ANDRÉ; Histeria y estados limite: quiasmo em El pensamiento clínico (2002); Amorrortu editores S.A., Buenos Aires, 2014 

GREEN, ANDRÉ; La analidad primaria. Relaciones com la organización obsessiva em El pensamiento clínico (2002); Amorrortu editores S.A., Buenos Aires, 2014 

GREEN, ANDRÉ; La posición fóbica central. Com um modelo de la associación libre em El pensamiento clínico (2002); Amorrortu editores S.A., Buenos Aires, 2014 

GREEN, ANDRÉ; Acerca de la terceirida em El pensamiento clínico (2002); Amorrortu editores S.A., Buenos Aires, 2014 

 

Textos complementares

CANDI, TALYA; O Duplo Limite: O Aparelho Psíquico de André Green; Editora Escuta, São Paulo, 2010

GREEN, ANDRÉ; La muerte em vida. Algunos referentes para la pulsión de muerte em El pensamiento clínico (2002); Amorrortu editores S.A., Buenos Aires, 2014

GREEN, ANDRÉ; La crisis del entendiemiento psicoanalítico em El pensamiento clínico (2002); Amorrortu editores S.A., Buenos Aires, 2014 

Obs: Os textos relacionados na bibliografia acima serão disponibilizados em cópias digitais traduzidas para o português. Os textos de leitura complementar em espanhol não estão traduzidos. 



Facilitadores:

Michael Reuben – Psicólogo CRP - 06/57138 – Psicanalista, aspirante a membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Aprimoramento em psicologia clínica (PUC-SP). Aperfeiçoamento pelo curso “Clínica Psicanalítica: Conflito e Sintoma”, do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Estudou a obra de André Green com Talya Candi (SBPSP). Integrante de grupos de estudo com Fernando Urribarri (APA). Membro da Gesto Psicanálise. Atua na clínica psicanalítica.
 
Luís Alberto Gustavo Niemies Jeremias – Psicólogo CRP - 08/25211 - Mestre em Psicologia Clínica – UFPR. Membro do Laboratório de Psicanálise UFPR. Integrante do Grupo Brasileiro do Pensamento de Donald W. Winnicott e do NEW - Núcleo de Estudos D. W. Winnicot em Curitiba. Estudou a obra de André Green com Talya Candy (SBPSP). Integrante de grupos de estudos com Fernando Urribarri (APA) e Mara Sverdlick (UBA). Atua na clínica psicanalítica e psicoterapia de orientação psicodinâmica, se dedica aos estudos e investigações na psicanálise, desenvolvendo pesquisas sobre a clínica contemporânea com foco no surgimento de novos sintomas.